Relacionamentos em todas as esferas geram conflitos. Mas o relacionamento conjugal é o mais delicado. Atinge-nos no que há de mais pessoal e está dentro de casa. Quando é profissional, estudantil, com vizinhos, há a suspensão quando se refugia no lar. Quando é em casa, não há onde se refugiar. A não ser ir para a rua. Quando surgem os conflitos, a tendência mais comum é valer-se do velho expediente de culpar o outro. Culpar o outro é a melhor maneira de destruir um casamento.
Manter um casamento é uma difícil tarefa que exige, de ambos os parceiros, um grande investimento amoroso, capacidade de mudança e adaptação e a convicção de que é preciso batalhar para que as coisas dêem certo! “Quando um não quer, dois não brigam”. Mas quando um não quer, dois não amam, dois não constroem.
A manutenção da vida conjugal é tarefa mútua.
- Saiba distinguir entre o real e o ideal
No começo é tudo tão meigo! O período de namoro é fascinante. Cada um se orgulha do outro, admira, respeita, elogia, exibe aos outros e tem esperanças de que será assim para sempre. O pior é quando surgem as tão terríveis cobranças! "Você já não é mais o mesmo!", ou "você era diferente!".
O ideal é a forma sonhadora como vemos a pessoa. O real é como ela é.
Namoramos o ideal, sonhamos com o ideal, mas casamos com o real.Distinguir entre os dois é extremamente necessário. O melhor é compreender que se casou com a pessoa real e não com a ideal. Parte da solução de muitas tensões começa aqui, com a aceitação do outro.
Uma citação na revista Sports Illustrated exprime uma verdade que nós, como pessoas de fé às vezes negligenciamos: "O que é mais importante para criar uma equipe de sucesso não é a compatibilidade dos seus jogadores, mas como é que eles lidam com a incompatibilidade."
Quando não nos damos bem com outras pessoas, somos tentados a ignorá-las e a colocá-las de lado. Deus chama-nos para termos uma abordagem diferente. "Sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis, não tornando mal por mal, ou injúria por injúria, antes, pelo contrário, bendizendo; sabendo que para isto fostes chamados" (1 Pedro 3:8-9).
- Não busque um clone. Aceite o outro.
Muitos dos eventuais conflitos são conseqüências naturais das diferenças entre os parceiros. Cada um tem características peculiares, formação familiar, cultural e social diferentes. Desconstruir e reconstruir não acontece num só dia. Porém, é importante refletir: é necessário desconstruir? Sim e não, eis a resposta! O problema existirá apenas se a convivência com as diferenças se tornarem inviáveis por questão de valores.
A busca de um clone é muito forte, porque se o outro for igual a mim, aceitará tudo. O acordo deve existir, é excelente quando existe, mas deve acontecer porque os dois olham na mesma direção. Na realidade, as diferenças são necessárias. Os diferentes se complementam. Não se deve querer um clone. Deve-se buscar a complementariedade. Diferenças existem, porém elas devem sempre contribuir para a construção do casal.
3. Não culpe.
Mesmo que a outra parte esteja completamente errada, lançar isto em rosto é pouco produtivo. Precisamos entender que há uma diferença entre argumentar e acusar. Lembremo-nos de Provérbios 15.1: "A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira". Uma boa pergunta para si mesmo é: "O que desejo: resolver o problema ou ganhar a discussão?". O Casamento não é uma eterna competição com o cônjuge! A QUESTÃO NÃO É VENCER E SIM RESOLVER.
Casamento é uma sociedade, e não uma competição. Os esforços devem ser para o bem comum e não para domínio.
Você pode até dominar, mas vai arruinar a vida do outro, a sua e a dos filhos. Culpar o outro é uma das melhores maneiras de destruir o casamento. Não culpemos. Busquemos soluções. Críticas empurram para baixo e desestruturam pessoas. Entender e apoiar, colocando-se à disposição para ajudar a mudar é mais produtivo.
- Não discuta pelo passado.
Temos observado que boa parte das brigas entre os casais é por situações passadas. Há um problema hoje, começa-se a falar sobre ele, mas elementos já vencidos são recuperados e trazidos à discussão. Até mesmo quando as circunstâncias atuais são reproduções do passado, não recupere o que já foi. Cuide do agora. Lembremos as palavras de Jesus: "Basta a cada dia o seu mal".
Perdoar não é esquecer. Perdoar é tratar de maneira diferente.
Discutir pelo passado é duplamente estressante porque se gasta energia no que não pode ser modificado e se deixa de usá-la em algo construtivo.
- Defina bem as divergências.
Quando um casal diverge, os dois devem se perguntar se estão divergindo por algo específico ou genérico. É uma questão localizada ou global? Quando é algo específico, tudo bem, vale a pena. Mas se for genérico, é melhor parar, pois não se chegará a nenhum lugar positivo.
Divergências são normais em todos os relacionamentos, mas quando se tornam a regra de conduta, algo está muito errado. Ou se conserta a conduta, ou o casamento rolará ladeira a abaixo.
6. Havendo discussões, evite golpes baixos.
Todos nós sabemos quais são os golpes baixos e como usá-los para causar maiores danos. Uma pergunta que se deve fazer é esta: "O que quero: acertar alguns pontos ou causar o maior dano possível ao outro?". É um grande erro ver o outro como inimigo, erro maior é buscar danificá-lo ou traumatizá-lo.
Queremos acertar a situação ou ganhar uma guerra?
Será bom ter em mente que é mais importante chegar a um acordo que vencer em um momento. Pode-se vencer uma batalha, e no fim perder a guerra pela manutenção do casamento.
7.Reconheça o inimigo número um.
Não é o outro. O seu maior inimigo é você mesmo. O maior inimigo no casamento é o egoísmo. O casamento não é apenas uma oportunidade de receber do outro, seja atenção, afeto, zelo, ou o que for, mas uma oportunidade de se vivenciar uma cumplicidade perfeita, uma parceria. Um bom casamento é aquele em que a pessoa tem suas necessidades emocionais preenchidas, mas o outro também existe.
Os sintomas desta patologia são frases do tipo "eu quero", "deve ser assim", "faça assim", etc.
Muitas vezes na terapia de casal e ao ouvir uma das partes, vemos que um nos quer não como seu terapeuta ou conselheiro, mas como aliado, advogado de defesa e promotor da outra parte. É o egoísmo que nos leva ao centro do universo e desejar que tudo se conforme a nós. Isto é uma forma de narcisismo, doença muito comum em algumas pessoas.
8.Mantenha uma atitude positiva.
Isto não é ter simplesmente um pensamento positivo, mas atitudes positivas. Significa preparar-se e fazer. Significa ter o desejo de investir na relação. Muita gente hoje se casa com esta idéia em mente: "Se não der certo, a gente se separa". O casamento não é um jogo, não é uma loteria. Se não há convicção, a pessoa não deve casar-se. Todavia se casou, deve fazer tudo que estiver a seu alcance para dar certo. É preciso ter sempre em mente a possibilidade de coisas resolvidas, do passo acertado, da relação em bom nível. Por pior que estejam as coisas, existe a possibilidade de melhorar, havendo investimento de ambas as partes. Só em caso extremo, último e absoluto, deve-se deixar de investir. Mas enquanto for possível deve-se lutar para que a construção não venha abaixo.
Mais coisas poderiam ser ditas. Mas o que aqui está pode nos ajudar a refletir. Um mau casamento é um tormento, mas um bom casamento é um pedaço do céu aqui na terra. Lutemos por uma saudável construção da vida a dois.
"O mundo nasceu do amor, é sustentado pelo amor, caminha para o amor e termina no amor". (Desconhecido)
Prs. Junior e Ielane Mendonça